Conversamos com um dos principais editores de literatura de gênero do país, Artur Vecchi. Com formação em Direito e Economia, se encantou com o mundo das letras e já publicou mais de 100 livros em 7 anos. Ele conta um pouco da trajetória da sua editora e de como escritores devem se posicionar.
1 – Como a falência de algumas livrarias impacta no seu negócio?
Artur Vecchi: Bem, falência de livrarias sempre existiu no negócio do livro. Pontualmente uma livraria fechar é ruim, mas não chega a abalar. O que aconteceu é que em 2018 houve uma grande crise nas duas principais redes de livrarias que respondiam por metade da receita de livros em livrarias do Brasil. E não é qualquer 50%, essas redes possuíam logística própria, a editora mandava pro centro de distribuição deles, e eles enviavam para cada uma de suas lojas, não importando se eles eram em Manaus ou em São Paulo, ou em Porto Alegre. Sem essas livrarias é muito mais custoso chegar com o livro em locais muito distantes da base da editora. Depois disso ,quando o mercado começa a se recuperar vem a pandemia e uma nova
crise. A quebra das livrarias e a chegada dos streamings, também está mudando os hábitos dos consumidores, pois agora pode-se consumir ficção o mês inteiro, em audiovisual, e até ebooks por um valor menor que o preço de um livro. O mercado está mudando e cada vez migrando das lojas tradicionais para a venda online.
2 – Qual o critério de seleção dos autores da editora?
Artur Vecchi: Primeiro, terem textos de qualidade, depois que seus livros conversem bem com o resto da nossa linha editorial que trata de Literatura fantástica, policial e quadrinhos. Apesar de publicarmos também autores novos, sempre que um autor chega com indicação, ou que eu já tenha visto ele se movimentar nas redes sociais, ajuda que eu possa ler o original.
3 – Qual dica você daria para um escritor iniciante?
Artur Vecchi: Primeiro, faça cursos, aprenda como escrever, para ter um livro bom, que é apenas o início da trajetória. Depois participe da cena do seu gênero literário e se movimente. Seja visto, publique independente em ebook, publique no wattpad, vai construindo a sua base de fãs. Mas importante do que enviar um original e tentar a loteria nas editoras, é ser percebido pelas editoras e receber convite para publicar nelas.
4 – Quais as principais novidades da editora ?
Artur Vecchi: Tivemos recentemente o lançamento de ‘O jovem Arsene Lupin’ e a ‘Dança macabra’, da Simone Saueressig, que conta a juventude do mais famoso ladrão da literatura. Lançamos também, ‘As vozes sombrias’ de Irena da autora M. Sardini, um livro de horror ou fantasia sombria, que se passa na Tchecoslováquia ocupada pela União Soviética, e conta uma maldição que afeta 4 gerações de mulheres.
Iniciamos o segundo semestre com o novo livro da Claudia Lemes, a rainha dos thrillers, ‘Quando os mortos falam’, onde teremos uma investigadora atrás de um serial killer que copia os assassinatos dos filmes clássicos de horror, como ‘O Massacre da Serra Elétrica.’ Teremos ‘Snowglobe’, ficção científica premiada do Fábio Barreto, que só havia saído em ebook, e ‘Lua Rubra’, um romance de fantasia medieval, onde acompanhamos os dois pontos de vistas, dos aventureiros que devem matar um
vampiro ancestral e do outro lado de uma menina que se refugia exatamente no castelo desse vampiro e começa uma relação com este. Um livro onde ninguém sabe ao certo quem é o monstro e quem é o herói. Teremos um livro do autor espanhol Rodolfo Martinez: ‘A Canção de Bêlit’ que vai contar as aventuras que Conan teve com Bêlit , a rainha da costa negra, nos 3 anos em que navegaram juntos.
Além das continuações de Guanabara Real, Sherlock e os aventureiros, Multiverso Pulp…
5 – O Brasil é um país que não possui um grande hábito de leitura, é possível sobreviver vendendo livros em um país que lê tão pouco?
Artur Vecchi: É difícil, mas é possível, o importante é que como editora temos sempre que estar apoiando iniciativas que ampliem a leitura no Brasil.
6 – Qual a sua principal estratégia comercial?
Artur Vecchi: Cada vez mais estamos focando na venda online tanto na loja da editora quanto em parceiros, ebooks, e tiragens menores e mais frequentes e tentando ampliar nossa presença nas redes sociais.
7 – O sistema de pré-vendas de livros é efetivo? As pessoas acabam comprando livros antes do lançamento?
Artur Vecchi: Hoje, as pré-vendas tanto nos sites das editoras quanto em ferramentas de financiamento coletivo são o que estão salvando as editoras pequenas, pois como comentei antes, a distribuição no brasil está muito complicada. Hoje, com o financiamento coletivo, há livros que só são editados porque conseguiram na pré-venda o número mínimo de financiadores. A pré-venda serve como um termômetro da quantidade que devemos rodar de um livro. É ela que vai dizer se a nossa comunidade de leitores tem muito ou pouco interesse em um título e quanto devemos rodar em uma primeira tiragem deste título.
8 – Qual gênero de livro é o que as pessoas mais consomem na sua editora?
Artur Vecchi: Hoje um dos gêneros que mais tem crescido é o horror ou fantasia sombria, tivemos em sequência 6 lançamentos desse tema agora na virada do primeiro pro segundo semestre: ‘Vozes sombrias de Irena’, com folclore do leste europeu, ‘Crias de Hastur’ com mitos de Cthulhu, ‘Rubro e roxo’, que é terror escolar, e ‘Narrativas do medo 1,2,e 3’, antologia com os principais autores brasileiros contemporâneos de horror. E se contarmos o thriller ‘Quando os mortos falam’, da Claudia Lemes teremos quase 7 títulos em sequência com temas sombrios.
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