Com a chegada da Audible ao Brasil, o cenário literário enfrenta uma transformação revolucionária. Conhecida internacionalmente por sua plataforma robusta de audiolivros, a Audible promete remodelar o modo como os brasileiros consomem histórias. No entanto, um fenômeno curioso vem à tona: numerosos escritores estão negligenciando um terreno fértil, deixando de expandir suas obras para este formato em ascensão. Por quê? A resposta a essa pergunta pode estar enraizada em várias suposições e desconhecimento sobre o potencial dos audiolivros.
A tendência não é exclusiva do Brasil. Javier Celaya, uma voz respeitada no setor, evidencia a explosão dessa nova onda no consumo de literatura. “Tal como em muitos outros mercados internacionais, os audiolivros tornaram-se o centro das atenções do setor editorial em Espanha e na América Latina, com números de crescimento espetaculares nos últimos três anos. No final de 2018, cerca de 8.000 audiolivros em espanhol estavam à disposição dos leitores, enquanto em 2017 não havia mais de 6.000 títulos em espanhol. Em 2019, foi ultrapassado o pico de 10.000 audiolivros em espanhol e todos os dados indicam que em 2020 será alcançada a cifra de 14.000 audiolivros em espanhol”, relata Celaya.
O panorama ilustrado por Celaya sinaliza uma verdade incontestável: os audiolivros não são uma moda passageira, mas uma preferência crescente entre os amantes de histórias, uma categoria que se solidifica no mercado. Em países onde a Audible já se estabeleceu, as estatísticas demonstram um aumento no consumo de literatura em formato auditivo, especialmente entre os jovens e profissionais ocupados que procuram uma maneira de assimilar novos livros em suas rotinas agitadas. e isso tem gerado muito dinheiro para escritores.
UMA MINA DE OURO PARA ESCRITORES INDEPENDENTES
Segundo Guilherme Tolomei, empreendedor em negócios digitais e um dos maiores especialistas em audiolivros no Brasil, existe um verdadeiro oceano azul a ser explorado nesse formato. “Tenho ensinado gratuitamente diversos escritores em meu Instagram (@gui.tolomei) sobre como ganhar dinheiro com audiolivros. A realidade é que, hoje, a concorrência com e-books e livros físicos é imensa. Se você deseja se diferenciar, este é o caminho.”
Outra vantagem é que formato de áudio permite uma conexão diferente com o público. O papel do narrador, imbuído de transmitir emoção, ritmo e entonação, pode revitalizar o texto, entregando-o ao ouvinte de uma forma que a leitura silenciosa nem sempre é capaz. Isso sem contar que, em um mundo cada vez mais conectado digitalmente, os audiolivros se alinham perfeitamente com os hábitos contemporâneos de consumo de mídia.
Infelizmente, muitos autores mantêm-se presos à noção romantizada do livro físico, não percebendo que a adaptação de suas obras para o áudio não subtrai, mas adiciona valor. Expandir para os audiolivros é reconhecer que a essência de uma história reside em sua narrativa, não necessariamente no método escolhido para consumi-la.
À medida que a Audible começa sua jornada no Brasil, os escritores nacionais têm uma decisão crítica a tomar. Eles podem observar cautelosamente de longe, apegando-se às tradições literárias, ou podem abraçar essa forma emergente e dinâmica de contar histórias, conectando-se com um público mais amplo e diversificado. Afinal, na era digital, adaptar-se é mais do que inovar; é sobreviver.