ENTREVISTA

“O mercado de audiolivros tem todos os elementos para crescer de forma muito rápida”

Os audiolivros são a grande tendência deste ano no mercado editorial, com crescimento rápido e muitas opções. Por isso, nosso repórter especial,  Gabriel Mendes, conversou com a  Adriana Alcântara, Country Manager da Audible no Brasil,  sobre esta grande oportunidade para escritores e editoras.

Panorama da Escrita: Adriana, gostaria de começar perguntando como você enxerga o mercado de audiolivros no Brasil. Qual sua perspectiva de crescimento para 2024?

Adriana Alcântara : A percepção que temos na Audible é de um mercado com todos os elementos para crescer de forma muito rápida. Há uma tendência crescente de consumo de entretenimento em áudio por meio da dinâmica do podcast. A demanda por esse formato de conteúdo facilita o movimento para o audiolivro. Juntamente com isso, a vida agitada e em ritmo acelerado nos centros urbanos torna o tempo escasso, por consequência, temos poucas oportunidades de nos dedicarmos à leitura de uma forma tradicional. A experiência do audiolivro, na qual você não precisa dos seus olhos e das suas mãos, permite escutar as histórias em outro formato. Isso aumenta muito a possibilidade das pessoas se relacionarem, de fato, com a literatura.

Panorama da Escrita: O público jovem também se beneficia com esse formato?

Adriana Alcântara: Sem dúvida. O público jovem vive com fone de ouvido. É uma dinâmica muito mais presente nessa geração do que nas anteriores. Surge uma questão: o que você faz, o que você escuta nesse fone de ouvido? Antes se escutava música. Depois houve o auge do podcast, que continua muito grande. Agora o audiolivro chega como mais uma opção e uma alternativa. No entanto, os momentos de escuta são os mesmos: quando você está no trânsito, quando você está se exercitando, quando você está passeando com seu cachorro, quando você está fazendo as suas tarefas cotidianas de casa. Esse ritual de estar com o fone no ouvido, no público jovem, é ainda mais presente do que em qualquer outra demografia, eu diria.

Panorama da Escrita: Algumas pessoas acham que o audiolivro pode prejudicar o livro físico. Como você enxerga essa comparação do audiolivro, dessa experiencia?

Adriana Alcântara: Acho que só aumenta, porque a gente vai se relacionando com mais histórias e cada vez mais você quer mais histórias. É como a construção de um hábito. Quando você começa e implementa o hábito, quando você gosta daquela prática, ele vira, cada vez mais, parte da tua rotina. Inclusive, existem pesquisas internacionais que mostram que o audiolivro aumenta o consumo de todos os outros formatos de livros, porque você traz a literatura para a vida de muita gente que, se não houvesse o audiolivro, não teria tempo para ler. Para mim, é um movimento de amplificação.

Panorama da Escrita: Agrega, então?

Adriana Alcântara: Agrega. Se pensarmos: o cinema não matou o rádio. A televisão não matou, nem o cinema, nem o rádio. Todos os meios têm o seu propósito e o seu espaço. Acho que, pelo contrário, o brasileiro terá oportunidade de se relacionar com muito mais histórias do que só no formato físico, no formato digital.

Panorama da Escrita: Com base na sua experiência, você poderia dizer quais critérios fazem um audiolivro se destacar, ou isso é muito subjetivo?

Adriana Alcântara: É muito subjetivo, porque depende muito do destaque em um grupo. Existem pessoas que preferem o desenvolvimento pessoal, outras que preferem autores brasileiros, outras que priorizam a literatura Internacional. Enfim, cada caso é um caso. O objetivo da Audible é, na verdade, ser um destino para você escutar o que é mais relevante e importante para você, o que não necessariamente é igual para mim, ou igual para todos. A ideia é o catálogo crescer cada vez mais. Hoje ele passa de 5000 títulos, mas, continua crescendo exponencialmente, com o propósito de que sempre haja o que se escutar, para todos os perfis que gostam de boas histórias.

Panorama da Escrita: Existe algum motivo para a Audible não aceitar a voz sintética?

Adriana Alcântara: A Audible nasceu com o princípio de trabalhar a qualidade artística em todo o seu espectro. Trazer essas vozes interpretadas por atores de voz, locutores, etc. No momento, nossa prioridade é aumentar, cada vez mais, o número de talentos que entraram nos nossos estúdios para realizar os títulos produzidos internamente, que foram 1500 para o lançamento. As mais de 500 vozes nos estúdios foram dirigidas por um diretor, é um trabalho bastante artesanal. Esse é o nosso foco no momento.

Panorama da Escrita: Para finalizarmos, qual o caminho mais prático para uma pequena editora fornecer seus audiolivros para a Audible:

Adriana Alcântara: Primeiro, entrar em contato conosco para olharmos e colocar o catálogo numa priorização. Estamos nessa construção de catálogo e é de forma contínua. Cada vez mais queremos ampliar nosso relacionamento com as editoras. Há espaço para todo mundo, é uma questão de entrar em contato conosco para termos essa conversa e entendermos qual é a melhor forma, qual o melhor momento. Agora que lançamos o projeto e podemos falar, nossas portas estão abertas para essas conversas e crescer o relacionamento dentro dessa indústria.

Panorama da Escrita: Para fechar, como você acha que a Flip ajuda o mercado? Ajuda a comunicação da Audible com o mercado editorial?

Adriana Alcântara: A hora que uma indústria se junta é quando a gente troca experiências e escuta a perspectiva de quem está do outro lado da mesa, numa outra posição na cadeia criativa, produtora de modo geral. Esse evento é um presente. É um presente para nós que trabalhamos nesse segmento em todas as suas formas de manifestação. É um presente também para o público amante da boa literatura e das boas histórias. É uma coisa muito legal. A Flip combina esse conhecimento e essa troca da indústria em todos os seus papéis e com o público final, isso que é muito legal. Principalmente no fim de semana vemos um público super amante da literatura, que trabalha com outras coisas, outros segmentos e que vem participar e vem aprender, trocar, contribuir.  Isso é um movimento muito bacana. Gosto muito do fato da Flip ter esses 2 universos. Existem segmentos, nos quais os eventos são da indústria. No caso da Flip, é um evento de todo mundo que quer fazer parte dele. É muito democrático. Isso é muito legal.

Panorama da Escrita: Algo mais que você gostaria de trazer?

Adriana Alcântara: Só o convite. Temos um catálogo superinteressante de obras nacionais e internacionais. Temos o nosso um mês gratuito e 3 meses para quem é assinante prime. Temos também livros de forma totalmente gratuita até fevereiro, que são livros da lista de alguns vestibulares no Brasil. Então, vem conhecer, vem experimentar um audiobook com a gente.


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